Não há céu,
Não há terra por onde passe que te note
Não há tesouros que queira procurar
Nem montanhas que queira trepar.
Nas asas de uma gaivota
Voo, até ao infinito que não sei onde é
Caminho, depressa, até amanhã
Corro, expedita, do ontem que me segue
Dos caminhos que recuso
Dos que não percorri por não saber
Dos que nunca vi e que um dia deixei para trás.
E sonho, sonho, com tudo, contigo, com o mundo
Vivo, agarrada às nuvens que enfeitam meu céu,
Aos sons que incendeiam a minha noite,
Que me fazem vibrar de olhos risonhos
E que obedecem às ordens que esboço em sorriso,
Nos gestos que meu corpo exibe,
Na vontade de criar
Na vontade de encontrar novos caminhos
De pedra, de terra, de alcatrão,
Suaves, agrestes, agudos
Felizes, encantados,
De príncipes e princesas,
De falsos magos que na sua bola de cristal
Prevejam futuros, imaginem passados, criem desejos
Que abençoem caminhadas, longas, leves, livres, insanas.
Insana loucura esta que me invade
Cada dia que penso
Que o mundo é redondo
Que dele apenas um bocado conheço!