Já se sabia que muito ar frio ia dar nisto, uma valente constipação. O meu sistema imunitário nesta cidade já teve dias melhores, deve ser da poluição. Bolas, que isto foi o dia todo a assoar-me e a pingar do nariz. Bem sei que não são coisas muito bonitas de se dizer/escrever, mas as partes menos boas também são para contar. Ar condicionado, ar condicionado, agora olha, lenços de papel, lenços de papel!!!
O calor nesta cidade continua a aumentar a vontade de estar por casa, embora os últimos dois dias tenham sido fantásticos, céu azul e sol. Tempos trabalhosos aproximam-se, por isso é bom que eu esteja preparada para os enfrentar.
Daqui a Dezembro é um pulinho. É verdade, como a maioria já foi informada, por cá ficarei até perto do Natal. São opções de vida que se fazem, naturalmente com um propósito objectivo e consciente, com o tudo o que uma decisão desta natureza pode implicar. A contagem era suposto ser decrescente para os 3 meses, agora aumenta para os 6. Posso com toda a certeza dizer que estes primeiros seis passaram a correr. Ainda ontem embarcava sozinha em Lisboa com destino a Pequim, na China, onde estava uma simpática senhora, Madame Zhang , com um papel com o meu nome escrito, mesmo à saída da manga do avião, para me receber. Ainda ontem me lembro do frio que se fazia sentir num lugar que tinha tudo de diferente. Ainda hoje dei por mim a olhar pela janela do táxi que me levava para casa e pensar, que giro, já conheço esta rua, aquela, e outra também. Já sei caminhos alternativos para contornar o trânsito, dizer as direcções em chinês...mais ou menos a mesma sensação de quando há 10 anos atrás cheguei a Lisboa e tive que encontrar, aí sim, sozinho no verdadeiro sentido da palavra, o meu rumo nessa cidade.
São estas aventuras que nos testam, que testam os nossos próprios limites e formas de comportar e de aguentar o desconhecido, vencer a solidão ou as saudades que se sentem de tudo aquilo que sempre conhecemos como nosso e que demos sempre por certo. Mas a vida é incerta, e o que isso tem de intimidador tem de fantástico, sobretudo quando tudo acontece de forma não planeada, como vir para a China, 9 meses, um ano, quem sabe mais tempo...