no Extremo Oriente ...à descoberta de um novo mundo
Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
Dei a volta ao mundo
Hoje de manhã dei a volta ao mundo. Vi o que se passava na Europa, nos Estados Unidos, na Ásia, só não fui a África, mas lá hei-de ir.
É engraçado ver o mundo pelos olhos de outros que como eu andam pelo mundo fora à descoberta daquilo que não conhecem ou que conhecem pouco. É muito engraçado ler e tentar sentir e viver o que outros como eu partiram para o desconhecido e que relatam com tanta intensidade o que sentem e o que vêem . Deixam-nos com água na boca e com sede de conhecimento, com vontade de percorrer este mundo que tem tanto para se ver.

Acredito que os aromas e as sensações são todas diferentes porque cada lugar é um lugar diferente e porque casa pessoa é também diferente, mas a emoção de se descobrir o que não se conhece acredito que deva ser igual.

As fotografias que todos tiramos apenas podem documentar uma pequena parte. Pelos textos consigo perceber o que nos une, a todos os que estamos neste programa, que felizmente alguém inventou: a aventura e a vontade de viajar que cada dia se torna mais intensa. E damos por nós a fazer planos para viagens que havemos de realizar no ano que vem, daqui a 2 anos, todos os anos que nos faltam viver, assim haja verba para sustentar este, que de certeza se vai tornar um vício. E com esta estadia na China, outra coisa salta à vista, o quão mais diferente se conhece, o mais diferente se quer conhecer. Por isso tudo o que é europeu e que à partida é o pólo de atracção inicial de viagens turísticas, deixa de o ser, para começarmos a pensar em destinos tão ou mais exóticos do que a China, como a Índia.

Porque os caminhos de terra que teimamos em percorrer se podem tornar muito longos, não mais vale a pena circunscrevermo-nos ao que vemos e ouvimos todos os dias que passamos em Portugal, porque o que interessa é ver e sentir, para depois poder falar e fazer, importa ressaltar que o bom de termos uma terra tão grande, são todas as suas especificidades, tudo e todos que a compõem e que fazem deste planeta, deste bocado de universo algo tão diferente e tão igual, que nos faz viajar nem que seja pela internet, pelos olhos e pelas palavras de quem não conhecemos ou de quem conhecemos tão pouco.

Ao mundo, nada temos para dizer, o mundo a nós tudo tem para contar.

música: Emma Chaplin - Miserere, Venere
sinto-me: Com espirito aventureiro


Terça-feira, 29 de Maio de 2007
A China e o seu processo globalizacional
...um dia hei-de escrever sobre isto detalhadamente aqui!


Debater um tema tão amplo e complexo como é a globalização de uma economia socialista de mercado, é ao mesmo tempo um desafio excitante e perigoso, quando a linha que separa a investigação e a crítica é muito ténue.

 

Compete ao investigador abordar a globalização de forma objectiva, mencionado os processos complexos que a rodeiam, e compete ao crítico tecer os comentários adequados a uma situação transformista que inclui as temáticas mais díspares, mas que contudo se inter relacionam na sua essência.

 

O desenvolvimento e crescimento da Ásia de leste, no exemplo da China: os avanços e recuos de uma política económica reformista e integradora, privatizada e socialista, focalizando a sua evolução neste contexto de mudança e, depois, a sua abertura ao mundo através da adesão não só à OMC como também a outros blocos regionais em prol de uma cooperação económica próspera e que faz deste país uma das economias emergentes mais eficientes, parece-me o melhor exemplo globalizacional dos nossos dias.

 

O renascer de uma política económica liberalista que se vocaciona para o lucro, no âmbito de uma prosperidade económica relâmpago, enfrentando uma sociedade internacional atenta aos contornos comunistas que rodeiam este “dragão”, permite equacionar, na minha opinião, além do lado económico da globalização, também o cultural e que vê atingidos os seus cânones tradicionais e milenares por conceitos ocidentais, outrora reprimidos.





Domingo, 27 de Maio de 2007
Visitas de Fds e mais coisas em Pequim
As alterações climáticas neste lado do mundo são surpreendentes. Não só a chuva desapareceu, como ontem fez uma tempestade de areia e hoje está imenso calor. Sendo assim, nunca sabemos na realidade como vamos começar o dia, se a fugir da chuva, se a esconder-nos do sol quente.

As últimas visitas já regressaram a Putaoya . A Diana partiu na 5ª feira. Celebrou-se com um jantar óptimo no Indonésio e com um pé de dança no Latino's . Mas porquê o Latino's ? Porque além da Diana, também a nossa amiga Marielle , holandesa com raízes portuguesas, voltou para o seu país, uma vez terminado o seu estágio na Câmara de Comércio da UE na China, fã incondicional deste lugar da noite, pelo que, lá fomos dizer o nosso adeus. Era noite de performance de dança: Mambo e de actuação da banda ao vivo. Foi divertido. Regressámos a casa cedo, porque no dia seguinte o trabalho continuava à nossa espera.

Quinta feira à noite chegaram os nossos "primos" do Sul, ou seja, o António e o Madalena que vieram passar o fim de semana a terras do Norte da China. Os sofás da sala do 22 estão mais que reservados para as visitas, e ao que parece, são confortáveis e bons para dormir. Noite amena, copos de boas vindas no Aperitivo em Sanlitun . Sexta feira foi dia de semi desbunda para uns e desbunda total para outros. Jantámos no Tailandês, com direiro a sangria e tudo. Festa dos nos 80 no Alfa. Para mim a noite terminou por ali, para os demais continuou até bem cedo, segundo ouvi dizer.

Sábado foi dia de passeio por Pequim e de nos perdermos um pouco nas ruas desta cidade. O calor era mesmo sufocante. Visita feita à Drum Tower , da qual não tenho nada a relatar, a de Xi'an era bem mais gira e muito melhor aproveitada, foi tempo deixar as visitas passearem. Voltei a Sanlitun para beber um Iced Cofee no Aperitvo , passar no Yashow , com pouco dinheiro na carteira e por isso, pouca convicção! Jantar em Restaurante Tibetano, agradável mas nada de especial. O dito tinha uma decoração muito gira e muito típica. Valeu a pena sobretudo por isso. Depois, e porque temos sempre que praxar as nossa visitas, lá fomos dar uns passos de salsa e beber uns copos ao L. Runo ao Drive in de Pequim, acabámos a noite num bar chino-espanhol ou qualquer coisa que o valha, a ouvir rock em chinês, onde hippies e música alternativa se misturavam com copos baratos e esplanada de cadeiras de plástico.

Domingo, solarengo e quente, visita ao Panjaiuan , mercado tipo Feira da Ladra cá do sítio e onde qualquer um perde a cabeça. De tudo um pouco, típico o mais possível, pratas, pinturas, colares, móveis...Não comprei nada, ainda! Mas acho que vai ser muito complicado lá voltar e vir da mãos a abanar. Quando for para regressar quero é ver como é que vou mandar a tralha toda, pior, quanto é que eu vou pagar!

sinto-me: A desidratar


Terça-feira, 22 de Maio de 2007
Chapéus de chuva...
Pequim acordou com chuva. Não foi novidade porque as previsões assim o diziam, contudo, sempre desconfiando porque a maioria das vezes não é bem assim. Desta vez acertaram em cheio. Sobre a chuva em sim não há muito a dizer, a razão do post é o facto das ruas estarem coloridas, e passo a explicar: há chapéus de chuva coloridos por todos os lados, de todas as cores que se lembrem: verde claro, rosa claro, lilás, amarelo claro, com flores, sem flores. E ao contrário do que possam pensar não são só as senhoras que os usam, homens e mulheres usam todos o mesmo tipo de chapéus. Não há essa coisa de porque tem certa cor é de mulher ou de homem. Raros são os que têm cor escura. Isto tudo para dizer que nesse aspectos os chineses são muito menos preconceituosos do que nós, por exemplo, que achamos que os homens devem usar chapéus escuros, pretos, nunca de cor claras e muito menos com flores.
Que raio, é apenas um utensílio para usar por causa da chuva, o que é que interessa a cor?

E se pensam que deixam de andar de bicicleta, estão todos muito enganados. Para isso também há solução: capas plásticas impermeáveis que cobrem todo o corpo e que são suficientemente largas para cobrir a parte de cima da bicicleta até ao guiador. As meninas continuam a usar sandálias, também com este calor, só eu é que fui calçar as botas de Inverno, mas já em arrependi. Não é uma chuvinha qualquer que mete medo a esta gente toda que está tão habituada a mudanças climatéricas repentinas, ora veja-se: ontem havia um sol descomunal e um calor dos diabos, hoje está humidade na ordem dos 30% e chove a cântaros. Amanhã? Bem amanhã ainda não sei que não fui ver as previsões, mas frio não estará de certeza. Medo, medo, vai ser quando começarem as tempestades d areia, aí é que vai ser...

música: o som da chuva
sinto-me: Dancing in Rain...


Segunda-feira, 21 de Maio de 2007
Coisas Complicadas
Para se conduzir na China, é preciso carta de condução chinesa. Para ter carta de condução chinesa é preciso não só tirar a carta de condução como ter um nome chinês. Para se ter um nome chinês, tem que arranjar quem traduza o nosso próprio nome porque tem que haver uma ligação ao passaporte. Ora bem, se temos que ter um nome chinês, passaremos nós a ser cidadãos chineses? Claro que não. Mas então, porque raio é que temos que ter um nome chinês? Então e o nosso nome? Aquele, que consta nos nossos documentos de identificação nacionais? Bem, deixamos de ser quem somos para passarmos a ser um cidadão chinês qualquer, com um nome com o qual de certeza que não nos identificamos. Ah, também serve para os cartões de visita que quase somos obrigados a ter quando se vive e trabalha na China. Até aqui, estamos entendidos.

Então e se tivéssemos que marcar uma reunião com entidades chinesas? Vamos imaginar que somos representantes da cidade de Malaquecos de Baixo e que temos interesse em vir à China, imaginemos a Pequim e nos queremos reunir com alguém de um ministério ou qualquer coisa que o valha. Solicitação expressa da entidade chinesa: tradução do nome da localidade para chinês. Como é que se traduz Malaquecos de Baixo para chinês? Acho que nem com três dicionários se consegue tamanha proeza. Pois bem, os chineses querem tudo traduzido, até o que não é passível de o ser. Toda a gente sabe, que normalmente o nome das cidades ou faculdades ou outras coisas que tais não se traduzem Pois, na China tudo tem que ser traduzido, ainda assim não esteja eles a ser enganados. Acham isto normal? Bem já tínhamos o exemplo da Espanha, mas pelo menos, podíamos ficar com os nomes que nos tinham dado, não era María da Conceición , ou outra coisa qualquer, e Malaquecos de Baixo seriam sempre Malaquecos de Baixo.

Enfim chinesices.

sinto-me: Embasbacada


Domingo, 20 de Maio de 2007
Rascunhos
Volta a acalmia dos dias e noites passados em Pequim, lar desde há 4 meses, com perspectivas de serem ainda mais do que o dobro a faltarem. Desta vez digo isto em tom de missão, de missão a cumprir, porque isto de ter a vida a prazo atravessa-nos o corpo e a alma de inconstância , de pensamentos que não podem passar disso porque estamos a meio de uma experiência pela qual esperámos mais do que o tempo que era preciso, e já agora que a alcançámos, que a levemos de tom e ritmo de vitória até ao final.

E o que se espera desta aventura afinal?
Bem, muitas coisas poderia dizer sobre esta questão, muitas outras poderia sentir, porque toda a gente sabe que do sentir ao falar vai uma grande distância, primeiro porque sim, depois porque simplesmente se quer e depois porque assim tem que ser. Palavras que aparentemente nada querem dizer, mas que para mim querem dizer tudo. É a vitória da proactividade sobre o marasmo.

Faltam-me ver uns jardins! Sobre os templos, nada mais tenho a dizer porque já percorri praticamente os que havia para percorrer, já senti a preces dos outros, cheirei o incenso que nos entra narinas adentro sem pedir licença. Sobre os monumentos, também posso dizer que praticamente já os visitei a todos: falta-me a Grande Muralha da China e o Mausoléu de Mao . A primeira porque na altura que era suposto ter realizado esta visita, algo de inesperado aconteceu e não fui, o segundo porque se encontra fechado para obras, com vista aos Jogos Olímpicos do ano que vem.

Será que já conheço Pequim? Bem, pelo menos algumas partes sim. A parte histórica de Pequim, os jardins e os monumentos, a noite de Pequim, a chinesa e a mais ocidental. Não é assim muito diferente dos outros lugares do mundo, tem a sua própria história, tem as suas gentes, é uma boa experiência para se viver aos 27 anos. Parece-me que tenho que voltar a pegar no guia turístico que comprei, e ao qual, confesso, tenho dado pouco uso, e pesquisar que mais há para ver nesta cidade de não sei quantos milhões de habitantes, 14, 15, já nem sei, muitos! Sim, porque perdida nos Hutongs também já andei. O assédio dos vendedores de rua, das crianças pobres que pedem dinheiro em noite escura e animada nas ruas de Sanlitun , que para efeitos de táxi se deve pronunciar Sanlitur , já superei, e já aprendi a dizer nos mercados que não sou turista, que vivo em Beijing e que por isso nada de me tentar enganar com os preços das coisas.

Já me esqueci do que é entrar numa loja, ver os preços marcados e decidir se quero ou não comprar o artigo. Nos últimos tempos tive que me tornar uma negociadora se quiser comprar roupa e não pagar 3 balúrdios e meio por ela. Porque aqui é assim. Tem que se negociar, como em Marrocos ouvi dizer. Mas cansa! Bolas, que isto de ter que sair de casa com a predisposição para estar a regatear até cuecas e soutiens nem sempre é fácil. Ao início, é novidade, é divertido , depois fica uma obrigação! Mas enfim, são culturas e temos que aceitá-las e que vivê-las o mais que se consiga. Pois então: Regateie-se !

Bem, é Domingo. Estou acordada desde as 9 da manhã porque vieram cá arranjar o ar condicionado. O resto dorme. Estou com sono e com vontade de descansar mais um pouco na minha cama pequinesa, mas parece-me que para já vai ser impossível. Os homens entram, saem, levam peças, enfim, um corrupio de arranjos. Logo à noite tenho que me deitar cedo!

sinto-me: Com sono


Quinta-feira, 17 de Maio de 2007
Capítulos em falta
Bem, tinha ficado de fazer referência à minha última aventura nas massagens e de descrever como é diferente turismo em Pequim no Inverno e Verão. Assim sendo, vou fazer dois em um, e neste mesmo post falarei de ambas as coisas de forma a que nada fique esquecido (e já agora porque nestes dias não se tem passado nada de extraordinário para contar).

Das Massagens

Depois de todas as experiências traumatizantes no que diz respeito às massagens na China pelas quais passei desde que cá estou (apenas duas note-se), resolvi, pela terceira vez tentar estas coisas. Desta vez levei companhia. Gordão também foi, até porque este miúdo adora massagens, portanto tinha mesmo que levá-lo!
Massagem Full Body com óleo. Correu BEM! de facto, há massagens muito boas, e eu parece que finalmente descobri as que são indicadas para mim, sem ter que pensar que vou apanhar uma tareia.

O SPA é bem giro. Ambiente calmo, música suave, cores quentes nas paredes. Sumos naturais a acompanhar. Delicadeza nas mãos e nos gestos. Adorei e acho que vou mesmo repetir. Adeus massagem tradicional chinesa... Claro que não foi uma barateza, mas também vos digo que não foi caro comparativamente com os preços praticados em Portugal, razão aliás, pela qual, eu nunca fui a um SPA aí!
Também tive direito a massagens aos pés. Desta vez, também gostei, apesar de me custar sempre um pouco, pelas cócegas e porque para mim é mesmo uma zona muito sensível. Enfim, já posso dizer bem das massagens, recomendar vivamente e ainda posso oferecer talões de desconto que ganhei quando lá tive. Alguém se atreve?

Templo do Céu revisitado

Voltei ao Templo do Céu. Ao fim de quase quatro meses na China voltei lá para encontrar-me com as visitas que por lá passeavam e aproveitei para também ver partes que não tinha conseguido espreitar aquando da primeira vez.
O espaço estava apinhado de gente. Turistas. Chineses, ocidentais. Todos com fome de ver coisas e passeando em grande alarido em grupos organizados, conduzidos por guias de bandeiras empunhadas, ainda assim não se perdesse alguém do rebanho.
Não gostei!

Não parecia o Templo do Céu que vi em Fevereiro, que me fez sentir coisas que não voltei a sentir. Que me fez parar para olhar adentro árvores sem folhas, erva daninha solta pela mãe natureza em tons acinzentados e com temperaturas que nos fazem entranhar os cheiros e o frio que nos faz sorrir.

Em Fevereiro parecia mágico. Era novidade, era lindo.
Ouviam-se as vozes de quem cantava de si para si, para o mundo, ouviam-se os passos de quem percorria apressadamente o terreiro com pressa de chegar a lado nenhum. Agora não havia nada disso. Não havia cânticos meio místicos, não havia cinzas acobreados a dourar os caminhos. Havia um monte de gente, com sede de fotografias, com sede de conversa. Não havia espaço para meditar, não havia espaço para sentir. Apressadamente, como todos os que lá estavam espreitei para dentro dos edifícios que anteriormente não tinha visto e quis despachar aquela visita que me estava a tirar a ilusão de sagrado daquele sítio. Posso dizer até que fiquei um pouco chocada! Turismo na China, em Pequim, no Inverno se faz favor e de preferência com temperaturas baixas. Ainda bem que vimos quase tudo no Inverno, em que era quase tudo para nós, em que o bater do nosso coração quase se escutava se estivessemos muito atentos. As sensações são outras, são diferentes. Setimo-nos especiais por podermos partilhar com quem não nos conhece coisas muito próprias e que também elas nos fazem sentir especiais. Não consigo explicar isto de forma diferente, acho que só voltando em Fevereiro novamente ao mesmo lugar para perceber. Quem sabe?

sinto-me: A por a escrita em dia
música: Mafalda Veiga


Terça-feira, 15 de Maio de 2007
Juízos? Para quê?
O Erro no Juízo

Porque é que se erra tanto no juízo sobre nós? Porque quando realizamos uma obra damos o máximo que temos. Acima disso é o invisível. E só quando isso se nos torna visível poderemos medir a distância a que fica o que fizemos. Para ajuizar do que é inferior é preciso ser-se superior. É por isso que um imbecil facilmente se julga um génio. À cautela, portanto, o melhor é não nos julgarmos...

                                                
Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente IV'

E é por tudo isto que é importante deixar alguma coisa feita, alguma obra por mais singela que seja. É por isto que é fundamental que as pessoas deixem de julgar os outros como se soubessem a verdade suprema do que quer que seja, que é preciso respeitar opiniões e formas de estar. Porque viver é isso mesmo, é olhar para os outros com o mesmo respeito com que queremos que olhem para nós, e sorrirmos de nós para nós com vontade de cada vez ir mais longe, mesmo que esse longe seja atravessar a rua.

Há 4 meses que vivo e estou na China. Há 4 meses que não vejo os meus amigos nem a minha família. Há 4 meses que apenas oiço as suas vozes pelo telefone e leio as suas palavras em e-mails e no messenger. Há 4 meses que a minha vida deu uma grande volta, não sabendo ao certo quanto tempo vai esta aventura durar.

Há 4 meses que tudo começou a fazer muito mais sentido, o sentido de que queremos sempre ir mais além, de que queremos sempre e devemos sempre ser nós mesmos em tudo o que fazemos e que por isso damos sempre o nosso melhor, e isso, é o reflexo de quem nós somos.



música: Keane - A Heart to hold You


Quarta-feira, 9 de Maio de 2007
Para lá da imaginação...
Ocasião: A viagem de Maio

Destino: Província de Sichuan

Localidade Base: Chengdu

Hora de partida: 07h50 de Sábado dia 28 de Maio

Viajantes: 13 tugas (Banpo on the road )

Superstições: Nenhuma


Mais fotografias em:
http://fotos.sapo.pt/anliang

Se clicarem numa das fotos, a página é redireccionada para o fotoblog da Sapo onde estão o resto. Na realidade são cerca de 500 e tal, mas apenas está aqui uma amostra.


Sábado
 

Sábado de manhãzinha, com malas prontas e muita vontade de passar umas férias diferentes, lá fomos para o aeroporto de Pequim, com as respectivas malas, uns com mais tralha do que outros, na expectativa de uma viagem de cerca de 2h30 até Chengdu .

A viagem correu muito bem. Dentro da carrinha que nos fazia transportar até ao hostel, pudemos constatar que aquela cidade com alguns milhões de habitantes era bastante desenvolvida e com muitos sinais de modernidade. Completamente distinta de Pequim, nada parecida com Xi’an e a anos luz de Pingyao . Assim é a China, uma mixagem de cores. Os sons são os mesmos, muitos e por vezes pouco agradáveis.

 

Chegou-se ao Hostel, que nada tinha de acolhedor. Cansados, porque o sono tinha sido curto e com vontade de almoçar. Comemos no próprio hostel, depois de apresentados os quartos e de sorteadas as camas. O dia estava cinzento e a chuva ameaçava.

Durante a tarde vimos Pandas. Isso mesmo, fomos ao Giant Panda Breeding Research Base, que se ocupa da preservação da espécie. Os pandas parecem pessoas, sentados e a comer com as duas mãos. Têm um olhar penetrante. E ali ficámos, a observar aqueles animais grandes, Pandas Gigantes, com um olhar terno e com vontade de fazer-lhe festas. O passeio fez-se enquanto chovia. Dormimos na viagem de ida e na de volta. O trânsito estava caótico, a condução como já era de calcular, péssima!

 
 
Domingo
 

No Domingo a partida fez-se também muito cedo, como aliás foi hábitué durante toda a viagem. Estas não foram umas férias para preguiçosos e dorminhocos (o que é que eu estava então a fazer neste grupo?). O pequeno almoço no hostel foi óptimo, para compensar as casas de banho péssimas, e que igualmente se tornaram um habitué ao longo de toda a viagem, isto para dizer que em relação a este assunto os chineses ainda precisam de melhorar um bom bocado. Fomos até Leshan onde pudemos visitar o Grande Budha Sentado, uma construção na rocha, com mais de 70 metros de altura e que nos impressionou a todos pela sua grandeza. Fila para lá chegar porque não podemos esquecer-nos que era mais um fabulástica Golden Week .


Os chineses continuam com a mania de se meterem por entre as filas. Tentámos combater isso durante esta viagem, com sucesso em alguns casos. Nesta ocasião em particular conseguimos. A visão daquele “monstro de pedra” é realmente impressionante, e pensar que foram homens que o fizeram ainda nos deixa mais espantados. As escadas eram íngremes. Demorámos bastante tempo, ficámos cansados, com sede mas contentes. Na realidade foi a partir deste dia que percebemos o quão linda a China é, e o quão valem a pena estas viagens exploratórias.


Horas marcadas para apanhar a van que nos iria conduzir a Emei Shan , localidade situada na base do Monte Emei que iríamos subir no dia seguinte. Tive que comprar um pijama chinês porque me esqueci do meu em casa. Esta localidade tem uma interessante exploração turística, está muito bem arranjada e o tempo que sobrou fez-se de passeio. Fizemos um amigo chinês que se auto dominava de Noddy . Foi simpático mas indicou-nos um restaurante muito mau. Enfim, vicissitudes de uma China interior.

 
Segunda
 

Exploração do Monte Emei . De autocarro subimos até um certo ponto. Foram duas horas de viagem. Depois, bem depois foi a pé, sempre a subir, que os montes são altos. Mal tínhamos começado a andar, deparámo-nos com algumas atracções locais, macacos. Sim, macaquinhos que são espertos e roubam os sacos e outras coisas a quem por ali passa. São muito engraçados.

Estávamos perto dos 3000 metros de altitude. Cansava muito andar. Começámos a olhar o horizonte e a imagem que se prendia aos olhos era indescritível. Esta sensação, de indescritibilidade ainda se repetiu, pelo menos mais uma vez durante esta viagem, mas mais à frente vos direi.

O céu estava mesmo ali, muito acima das nuvens, quase tocável, com aquela sensação de que se estendesse a mão podia sentir aquele algodão que em farripas se passeava entre montanhas e que em massa fazia lembrar um edredon de seda. De teleférico pudemos apreciar a paisagem, elevada nas montanhas, harmoniosa nas cores. No topo um Buda, dourado quie brilhava com o sol que aos poucos nos queimava a pele. O cheiro a incenso fazia intensificar o sagrado daquele lugar. Perdemo-nos nas muitas fotografias que tirámos, tudo para mostar que há lugares para os quais simplesmente não há palavras. Ao entardecer voltámos a Chengdu, com ansiedade de saber o que nos reservava o da seguinte.

 
Terça
 

Bem, terça feira foi dia 1 de Maio, e como tal havia gente por todo o lado, incluindo a subir montes, como nós! Então neste maravilhoso dia visitámos pela manhã a Dujiyangian Irrigation Project que é nada mais nada menos do que um dos primeiros projectos de irrigação de sempre, que tem não sei quantos mil anos, acho que são 2. Foi muito bom. Vi um templo que aparentemente era igual aos outros, mas que na realidade tinha uma decoração diferente. As pinturas representavam cenas que acredito serem de histórias tradicionais chinesas ou de cenas do quotidiano do templo. A parte de ter que atravessar um rio enorme por uma ponte suspensa de corda é que não teve la grande piada, sobretudo nas alturas em que ela oscilava como se não houvesse amanhã.

 

À tarde subimos o Monte Qingcheng, que era bem alto e tinha escadas e mais escadas, aquilo nunca mais acabava. Havia teleférico mas a maioria optou por ir a pé. Evidente que a maioria não chegou ao topo. As escadas não tinham fim, o cansaço era imenso e a altitude fazia com que respirassemos com maior dificuldade. Ora bem, depois de muito subir, tivémos que descer, uma vez que chegámos à conclusão que chegar ao cimo antes da hora marcada para apanhar o autocarro era impossível. A descer foi cerca de uma hora, a subir, 2 horas e tal acho eu, com direito a várias paragens. Continuo sem perceber como é que as chinesas fizeram aquilo de saltos altos, como é que as crianças aguentaram e os velhotes também. Os tugas estavam mais do que mortos quando se encontraram no sopé. O que vimos? Despenhadeiros fantásticos, verdes e mais verdes e templos Taoístas, pois aquele monte era por excelência representação desta corrente.

 
Quarta
 

Este foi o dia das 12 horas de autocarro que fez o percurso Chegdu – Jiuzhaigou. Desde ultrapassagens pela direita, nas curvas, com um som de buzina de 5 em 5 segundos que não deixou ninguém dormir, até paragens para tirar fotos com Iaques, comer num restaurante de beira de estrada uma comida extremamente picante e ir a uma casa-de-banho à qual dispenso comentários, foi um dia muito giro. O grupo estava animado, conversou, comeu, cantou, disse parvoíces, enfim, afinal, quais 12 horas qual quê? A viagem correu bem, foi divertida e vimos coisas lindas pelo caminho. Venham mais viagens de autocarro, de preferência que tenham a buzina estragada, se faz favor.

 
Quinta

Sobre este dia não vou comentar muita coisa, porque há imagens que valem mais do que mil palavras, e este lugar, é um desses. (Jiuzhaigou)

 








Sexta e Sábado
 

Viagem de regresso a Chengdu que se fez de avião. Ópera pela noite, ainda houve lugar a copos e Pandas!!! Comprinhas nocturnas numa espécie de feira em lugar típico. Supostamente voltaríamos a Pequim no Sábado à noite, mas motivos de força maior fizeram-nos ficar mais uma noite. À falta de quartos na pousada, dormimos em tendas de campismo no terraço da própria pousada que tem esta opção em caso de necessidade (e que bem que se dormiu comparativamente com as outras noites passadas em beliches cujo colchão era inexistente). Aqui o edredon serviu lindamente de colchão. Tivémos então tempo para conhecer a noite desta bela cidade, fomos a uma discoteca recomendada pelo Jimmy, o rapazito que trabalhava no Hostel. Tipicamente chinesa, com quase nenhuns ocidentais além de nós, lá estavam as chinesas malucas a dançar e a beber os jarros de iced tea com wisky.

 
Domingo

Regresso ao lar pequinês, à procura de um bom banho em casa-de banho decente e de um pequeno almoço reforçado que o do avião foi chinês e a papainha de arroz que eles comem não é nada de especial, para não dizer má. Almoço no Italiano para recuperar forças e preparar-nos para voltar ao trabalhinho. Direito a festa de anos para a Martinha, e de despedida porque os nossos visitantes estavam praticamente todos de partida. Voltamos ao normal, os 10 banpos, novamente à descoberta de Pequim e da China.


sinto-me: In heaven


A 25 de Abril
A 25 de Abril libertaram-se os sons e as palavras e os homens saíram à rua.
Flores nasceram nas mãos de cada um.
Partilharam-se gritos de alegria e a vontade de viver.

A 25 de Abril, Pequim comemorou a liberdade numa festa com produtos portugueses trazidos pelas nossas visitas. Saboreou-se Portugal e as saudades aumentaram um pouco mais.
Ouviu-se musica de intervenção. Estivemos com o Zeca e Grândola sempre ali ao lado!


música: Grândola Vila Morena


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