
Não vos falei do Ano Novo chinês. Coincidiu com a viagem da
Comunidade a terras de Xi'an e acabei por me esquecer de dizer como é que este povo oriental vive a mudança de ano. parece-me bem que o refira, primeiro porque é um acontecimento com particularidades muito próprias e depois, porque talvez os meus amigos tenham essa pergunta. Guiados por um calendário diferente do nosso, e através dos signos, é atribuído a cada ano um destes signos, cujos símbolos se vendem em todo o lado. Este ano, o do Porco,

fez com que por todos os lados se vendessem porquinhos de peluche, autocolantes e tudo o que se possam lembrar com esta forma ou desenho. A superstição é muito grande, e é preciso reforçar os bons augúrios. As decorações são na mesma onda das que nós fazemos pelo Natal, aliás, nesta festa de Ano Novo há muitas semelhanças com o nosso Natal, exceptuando o carácter religioso que por estes lados a religião não é muito seguida, muito menos a católica.
São duas semanas em que se festeja a chegada do novo ano. São duas semanas em que se escutam dia e noite foguetes que cada um lança de onde bem entender. Compram-se na rua, lançam-se na rua e festejam-se onde se quiser. Depois de muitos anos de proibição, desde o ano passado que voltou a ser autorizado o lançamento na rua deste tipo de elementos pirotécnicos. E há luzes no céu que

se fundem de cores, que nos fazem parecer que o céu escuro se ilumina para alegrar os nossos olhos. Primeiro é a admiração, depois a banalização, sim porque duas semanas a ouvir e ver fogos de artíficio tira a sua magia, acreditem. Da nossa janela do 22º andar, tudo parecia mágico, as cores que se misturavam e os brindes a um novo ano do qual também fazemos parte, apesar de já termos tido a nossa dose em Portugal...mas este foi diferente.
No dia de Ano Novo achámos que devíamos participar activamente nas celebrações, por isso, apesar de nos termos deitado muito tarde, alguns de nós achámos por bem, ir pelo fresco da manhã de ano novo, em que tudo estava deserto de gente (coisa altamente improvável numa cidade com 15 milhões de habitantes) a um dos parque onde sabíamos que ia haver
fiesta . Uma mistura de

Natal com Carnaval, em que as famílias saem à rua para festejar o Ano do Porco. Há máscaras, há celebrações, há tradições em que todos podem e querem participar. Há comida, há feira, há gente que se acotovela para ver o espectáculo de dança e canto, que vagueia semi-perdido pelo meio da multidão à procura de algo que por vezes nem sabe bem o que é. Há risos, muitos, há calor entre todos os que partilham esta festa.
Para fechar as celebrações ainda há um festival de lanternas. São construções de pequenas lâmpadas que representam cenas de histórias tradicionais chinesas. É um "espectáculo" bonito e colorido, aliás, nesta terra a cor é uma coisa fantástica de se observar Não fosse o gelo que se sentia, depois de ter caído um nevão, teríamos com certeza ficado mais um pouco no Chaoyang Park . Acabaram as celebrações do Ano Novo. Foram duas semanas intensas de cor, som e luz nesta cidade. O novo ano começou para este povo, e para nós que cá estamos, talvez também tenha recomeçado...
Bom Ano a todos.