Volta a acalmia dos dias e noites passados em Pequim, lar desde há 4 meses, com perspectivas de serem ainda mais do que o dobro a faltarem. Desta vez digo isto em tom de missão, de missão a cumprir, porque isto de ter a vida a prazo atravessa-nos o corpo e a alma de inconstância , de pensamentos que não podem passar disso porque estamos a meio de uma experiência pela qual esperámos mais do que o tempo que era preciso, e já agora que a alcançámos, que a levemos de tom e ritmo de vitória até ao final.
E o que se espera desta aventura afinal?
Bem, muitas coisas poderia dizer sobre esta questão, muitas outras poderia sentir, porque toda a gente sabe que do sentir ao falar vai uma grande distância, primeiro porque sim, depois porque simplesmente se quer e depois porque assim tem que ser. Palavras que aparentemente nada querem dizer, mas que para mim querem dizer tudo. É a vitória da proactividade sobre o marasmo.
Faltam-me ver uns jardins! Sobre os templos, nada mais tenho a dizer porque já percorri praticamente os que havia para percorrer, já senti a preces dos outros, cheirei o incenso que nos entra narinas adentro sem pedir licença. Sobre os monumentos, também posso dizer que praticamente já os visitei a todos: falta-me a Grande Muralha da China e o Mausoléu de Mao . A primeira porque na altura que era suposto ter realizado esta visita, algo de inesperado aconteceu e não fui, o segundo porque se encontra fechado para obras, com vista aos Jogos Olímpicos do ano que vem.
Será que já conheço Pequim? Bem, pelo menos algumas partes sim. A parte histórica de Pequim, os jardins e os monumentos, a noite de Pequim, a chinesa e a mais ocidental. Não é assim muito diferente dos outros lugares do mundo, tem a sua própria história, tem as suas gentes, é uma boa experiência para se viver aos 27 anos. Parece-me que tenho que voltar a pegar no guia turístico que comprei, e ao qual, confesso, tenho dado pouco uso, e pesquisar que mais há para ver nesta cidade de não sei quantos milhões de habitantes, 14, 15, já nem sei, muitos! Sim, porque perdida nos Hutongs também já andei. O assédio dos vendedores de rua, das crianças pobres que pedem dinheiro em noite escura e animada nas ruas de Sanlitun , que para efeitos de táxi se deve pronunciar Sanlitur , já superei, e já aprendi a dizer nos mercados que não sou turista, que vivo em Beijing e que por isso nada de me tentar enganar com os preços das coisas.
Já me esqueci do que é entrar numa loja, ver os preços marcados e decidir se quero ou não comprar o artigo. Nos últimos tempos tive que me tornar uma negociadora se quiser comprar roupa e não pagar 3 balúrdios e meio por ela. Porque aqui é assim. Tem que se negociar, como em Marrocos ouvi dizer. Mas cansa! Bolas, que isto de ter que sair de casa com a predisposição para estar a regatear até cuecas e soutiens nem sempre é fácil. Ao início, é novidade, é divertido , depois fica uma obrigação! Mas enfim, são culturas e temos que aceitá-las e que vivê-las o mais que se consiga. Pois então: Regateie-se !
Bem, é Domingo. Estou acordada desde as 9 da manhã porque vieram cá arranjar o ar condicionado. O resto dorme. Estou com sono e com vontade de descansar mais um pouco na minha cama pequinesa, mas parece-me que para já vai ser impossível. Os homens entram, saem, levam peças, enfim, um corrupio de arranjos. Logo à noite tenho que me deitar cedo!